O câncer é uma doença multifatorial, e diversos fatores aumentam o risco do seu desenvolvimento. Alguns dos fatores de risco não conseguimos mudar como idade, história familiar. Outros podem ser prevenidos: tabagismo, sedentarismo, infecções e obesidade.
Diversos estudos demonstram que o aumento do peso aumenta o risco de pelo menos 13 tipos de neoplasias. Entre elas: endométrio, mama, colorretal, rim, mieloma múltiplo, pâncreas, vias biliares, estômago (cárdia), esôfago (adenocarcinoma).
O excesso de gordura corporal provoca um estado de inflamação crônica e aumento nos níveis de determinados hormônios, que promovem o crescimento de células cancerígenas, aumentando as chances de desenvolvimento da doença, é uma hipótese postulada pelos pesquisadores.
Existem evidências também de que pacientes com diagnóstico de câncer e com obesidade possuem maior risco de recidiva e maior mortalidade.
Considerando que no Brasil, é estimado que mais de 60% da população esteja acima do peso adequado, isso é uma questão de saúde coletiva e que requer ações de saúde pública como as realizadas para diminuir o consumo de cigarro.
No Brasil, as ações antitabagistas conseguiram uma redução, a um terço, do índice de fumantes na população, entre 1989 e 2015 e pesquisas do INCA já apontam uma diminuição na mortalidade por câncer de pulmão entre os homens.
Uma das razões do aumento da obesidade no país é o aumento de consumo de produtos ultraprocessados, refrigerantes e diminuição de comida “in natura”. O arroz e feijão de cada dia está sendo substituído pelo fast-food.
Outro ponto importante é a alimentação das crianças, com 30% das crianças menores de dois anos já consumiram balas, refrigerantes ou sucos artificiais e 60% já comeram biscoitos e bolos com açúcar. A recomendação atual é que crianças menores de dois anos não ingiram nenhum tipo de açúcar. A exposição precoce a práticas alimentares não saudáveis em uma época de formação de hábitos de vida podem aumentar o risco de sobrepeso e obesidade na fase adulta.
Sendo assim, políticas públicas de prevenção à obesidade devem ser implementadas desde a infância.
Propostas como:
- Incentivo ao aleitamento materno com ações públicas que permitam o aleitamento materno exclusivo por 6 meses.
- Ações de combate ao sedentarismo.
- Estratégias para diminuição de consumo de ultraprocessados, refrigerantes e refrescos como maior tributação desses alimentos, rotulagem clara dos componentes nutricionais, regulamentação contra propaganda infantil desses produtos.
- Estímulo ao aumento de consumo de comida “in natura” como diminuir impostos na cadeia de produção, priorizar estes produtos nos cardápios escolares.
Essas são algumas ações que podem prevenir e diminuir os casos no futuro.
Para os pacientes oncológicos, ter uma dieta saudável, balanceada e manter atividade física durante todo o tratamento e após ele é uma mudança no estilo de vida que está relacionada à melhora de resultado, taxa de cura da doença e qualidade de vida.
É importante o olhar de sociedade para buscarmos soluções para o problema. Educação, acesso à saúde e alimentação de qualidade. E que no âmbito individual, sejamos fomentadores de mudanças em busca de hábitos saudáveis e com isso, poderemos observar, assim como no caso do tabagismo, diminuição dos casos de câncer relacionados à obesidade.
Por aqui, seguiremos compartilhando informações úteis e relevantes sobre o mundo da oncologia; sempre com o foco em incentivar a adoção de um estilo de vida saudável para cada paciente. Para ler outros assuntos, basta acessar o nosso blog que é recheado de conteúdo relevante.